quinta-feira, 19 de agosto de 2010

Um interesse

Quis conhecê-lo mais. Era descendente de italianos e passou até a imaginar como seria se o sobrenome dele estivesse junto ao dela. Todos os dias chegava com esperanças de encontrá-lo e receber mais um abraço daqueles. E todo dia recebia. Era sempre brincalhão e curioso, e como era! Bastante questionador, e ela tinha impressão que as perguntas eram feitas não para aborrecê-la, nem para testar seus conhecimentos, mas sim para ajudá-la a pensar, como se fosse um exercício. Compreensivo, sabia que ela era jovem demais para saber de tanta coisa. Às vezes se surpreendia com as respostas que recebia. Não por estarem corretas, mas pela criatividade, que era excepcional.

Tantas perguntas faziam com que conversassem por horas, se conhecessem mais e mais e, por fim, tornassem-se amigos. Numa das conversas, descobriram que moravam relativamente próximos. Fez questão de se mostrar disposto a dar uma carona quando ela fosse para casa em vez de ir ao colégio, como rotineiro.

Muitas se apaixonavam por professores, outras viam o pai como o grande amor. Até então nenhuma figura masculina mais velha lhe impressionara tanto. Dezenove anos de diferença. Não tinha pretensão de se envolver, mas cada dia que passava ficava mais encantada com tudo o que ele representava. Era quem lhe explicava matemática quando tinha dúvidas, que dava broncas quando necessário no trabalho, que lhe fazia rir durante o horário de almoço, e que se mostrava tão entusiamado quando ela lhe contava algo da sua vida mais ou menos.

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